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Engenho Lanches, uma mutação constante.

Em 1989 um negócio iniciou em Balneário Arroio do Silva. “Tudo começou em uma festa dos colonos, onde cada comunidade levava alguma coisa que contasse a história da mesma. Nós levamos o boi e o engenho. Então meu irmão teve a ideia de comercializar. Na época eu tinha 17 anos de idade e nosso negócio iniciou próximo à praia. Deu muito certo. Vendíamos produtos do interior, tipo milho cozido, pamonha, coisas que as pessoas não encontravam em qualquer lugar na cidade grande”, explica Adilson.

Desde 1996 o Engenho Lanches está na comunidade de Paulo Lopes, às margens da BR-101. E como uma empresa de alimentos trilhou um caminho em harmonia com a natureza que o local fornece? Foram contratados arquitetos especiais, da Om Arquitetura, Shanti e Dasi, para este novo projeto, que fazia parte deste sonho. “Consultamos alguns arquitetos, foi bem difícil encontrar, pois todos achavam ser impossível executar o nosso projeto. Quando encontrei o casal de arquitetos que executou este trabalho, eles já estavam prontos para fazer uma viagem para morar em Urubici. Mas decidiram ficar mais seis meses conosco para executar nosso projeto”, conta Adilson.

Para melhorar o que já tinham de estrutura no local, o Engenho focou bastante na parte dos sanitários, porque o público que viaja é o foco principal deles, e um bom banheiro normalmente é o que procuram primeiro. “Sabemos que devemos atender bem as necessidades do cliente para depois pensarmos em vender alguma coisa”, disse. Depois vem todo o conjunto, o ambiente arejado, todo arquitetado para fornecer iluminação natural, com uma faixa de vidros que permite ver as montanhas, a ventilação natural proporcionada também pelo tipo de composição do telhado, gerador de energia, o atendimento dos funcionários, que passam por uma série de acompanhamentos motivacionais, os produtos, a casa que valoriza o conforto e o bem estar que o cliente busca, os espaços para que o cliente possa ficar com seu animal de estimação e etc”. “Sou apaixonado por isto aqui no dia de chuva, sentar e ver a água escorrer nessa paisagem”, conta o empresário, que é muito ligado nas questões da origem.

Além de tudo isso, o Engenho Lanches proporciona um espaço de lazer para o cliente que deseja entrar em contato com a natureza, esquecer a correria e o barulho da estrada e adentrar num espaço que lembra a tranquilidade dos interiores do Brasil. “Não é apenas uma parada para fazer um lanche, mas algo mais. Não só para suprir necessidades, mas porque vale a pena ter este momento”.

O projeto das quatro cúpulas, passarela e área administrativa está pronto. Mas além de tudo isso o Engenho pretende incrementar melhorias ao longo do tempo nos layouts internos. Mais produtos, variedades, melhorias nos espaços, o anexo de um posto de combustível e também uma pousada. “Temos todo o tempo e atributos para desenvolver esse espaço”, explica.


A maior inspiração de Adilson para adaptar o Engenho aos novos tempos, foi as viagens com as filhas Flávia, Camila e Gabriela. “O que é admirável hoje para um pai transmitir para seus filhos é a consciência. Quando minhas filhas me visitam e contemplam esses projetos, me sinto inspirado. Ganhar dinheiro é consequência”, afirma Adilson, que considera o seu trabalho um organismo vivo e tem o maior prazer em administrá-lo.


E o Boi ?

A principal atração e o principal símbolo do Engenho é o boi.

“Sempre exibíamos o boi na festa do colono, para chamar a atenção para o nosso produto. E funcionava. Então foi uma tradição que se manteve”, disse.

Três gerações de boi já passaram por isso, dois morreram de velhice e um de doença. Um deles uma vez ficou depressivo porque parou de executar sua função de se exibir para os clientes do Engenho. “Todos temos a nossa rotina e o boi também. Ele era acostumado a tomar banho e receber carinho das pessoas, quanto parou com tudo isso, sentiu. Foi o que o terceiro veterinário concluiu. Tivemos que pedir para um funcionário passear com ele todos os dias e só assim melhorou”, conta.

O boi que ficava cangado, moendo cana dentro do Engenho e sendo atração para visitantes, agora está num espaço ao ar livre, no pasto, com outros bois. A rotina deles exige muita movimentação e o visitante continua tendo o privilégio de conhecer e acarinhar o animal. “São animais muito dóceis que fazem questão de chegar perto das pessoas e têm um tratamento muito especial”, esclarece.

Adilson também conta que todos os bois que fazem parte deste cenário tiveram a vida poupada, e várias pessoas oferecem animais para eles cuidarem. “São bois que foram domesticados para lavoura, os donos não precisavam mais e nos venderam, pois não queriam que terminassem abatidos”, relata.


Conscientização ambiental

É algo passado para os funcionários, clientes e também comunidade. São abordados temas como o uso consciente da água, inclusive a água usada pela empresa é da chuva, que passa por uma estação de tratamento de acordo com as normas da FATMA, e a mesma água é devolvida ao ambiente com as condições necessárias para não agredir o mesmo. Além disso, o esgoto também passa por um tratamento especializado, totalmente arcado pela empresa, e são pouquíssimas as que se preocupam com isso, pois é um processo complicado, já que a região não oferece esse serviço.

Além disso, o lixo é separado e despachado do local, para que o meio ambiente não sofra consequência alguma. “A natureza já foi muito devastada, e não basta estabilizá-la, tem que ser recuperada”, alegou. Por isso, o Engenho Lanches também faz a sua parte na questão do reflorestamento. “Tenho um funcionário que tem vontade de passar a máquina aqui e deixar grama baixinha, mas eu sempre explico que isso as pessoas fazem em casas, pousadas e hotéis. A nossa ideia aqui é deixar a natureza viva, como ela é de verdade quando tu não mexes com ela. É um processo lento, mas ao longo do tempo o cliente percebe a importância disso”, esclareceu o empresário.


Integração com a comunidade

Adilson que emprega em maioria que são da comunidade, ainda quer mais integração. Quer ver a comunidade ter acesso ao parque ambiental do Engenho Lanches, por isso, um projeto pessoal seu é criar uma passagem para que as pessoas que moram do outro lado da BR-101 possam passear pelo espaço. “A ideia é criar uma passarela parecida com a do Parque do Maracajá, passando por dentro da vegetação e proporcionando uma caminhada agradável. Não é algo que dá retorno financeiro, mas dá satisfação a todos. Os funcionários aqui costumam ver as pessoas da comunidade caminhando às margens da BR-101. É totalmente desconfortável e quente. Por isso temos essa pretensão. Não costumo falar sobre isso porque é um sonho para o futuro”, conta.

Além disso, no interior do Engenho, há um planejamento para uma espécie de museu para contar a história da comunidade.


Matéria extraída da Revista Foco Livre, fevereiro de 2016,

e escrita por Anny Caroline Siqueira de Carvalho.




ENGENHO LANCHES
Rod. BR 101 | Km 266 | Penha | Paulo Lopes
CEP 88490-000 | Santa Catarina | Brasil



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